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sexta-feira, 13 de março de 2009

DECLARAÇÃO DA CÚRIA METROPOLITANA DA ARQUIDIOCESE DE OLINDA E RECIFE


Declaração da Cúria Metropolitana do Recife




Considerando a ampla divulgação do caso recente, ocorrido na cidade do Recife, de uma menina de apenas nove anos que foi submetida a um aborto, a Cúria Metropolitana declara:
1- Todos os esforços desta Arquidiocese foram no sentido de salvar a vida das TRÊS crianças.
2- Nossa Santa Igreja sempre condenou todas as violações graves da Lei de Deus (por exemplo, injustiças, homicídios, pedofilia, estupro, etc) mas colocou em evidência quais são as violações mais graves, sobretudo o aborto que é a supressão de uma vida de um ser humano inocente e indefeso. Para cumprir mais eficazmente a sua missão de convencer os fiéis a observarem esta lei de Deus, a Igreja estabeleceu a penalidade medicinal da excomunhão Latae setentiae, isto é, que se incorre automaticamente pelo simples fato de cometer o delito.
3- Não foi, portanto, o Arcebispo Dom José Cardoso que excomungou alguém. Depois do fato consumado, o Arcebispo simplesmente mencionou a lei vigente que se encontra no cânone 1398 do Código do Direito Canônico: Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão Latae setentiae.
4- Esta excomunhão, aplicada, automaticamente aoa adultos, portanto não à menina de 9 anos, tem como finalidade a conversão de quem praticou o aborto, pois é missão da Igreja levar todos à salvação, já realizada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, não é uma exclusão defintiva da Nossa Santa igreja Católica, desde que os envolvidos se arrependam de seus atos.
5- Esta disciplina foi estabelecida pela Nossa Santa Igreja em todos os tempos. Recordamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica no número 2271 (promulgado oficialmente pelo Papa João Paulo II: “Desde o século 1, a Igreja afirmou a maldade moral de todo aborto provocado. Este ensinamento não mudou. Continua invariável. O aborto direto, quer dizer querido como um fim ou como um meio, é gravemente contrário à lei moral”.
O Papa cita em seguida as palavras do documento Didaché do I século: Não matarás o embrião por aborto e não farás perecer o recém-nascido.
Em seguida, o catecismo da Igreja Católica cita as seguintes palavras do Concílio Vaticano II: “Deus, senhor da vida, confiou aos homens o nobre encargo de preservar a vida, para ser exercido de maneira condigna ao homem. Por isto, a vida deve ser protegida com o máximo cuidado desde a concepção. O aborto e o infanticídio são crimes nefandos”. E acrescenta: “O inalienável direito à vida de todo o indivíduo humano inocente é um elemento constitutivo da sociedade civil e de sua legislação”. Recordemos emfim as palavras dirigidas pelo Papa Bento XVI no passado dia 9 de fevereiro ao novo embaixador do Brasil junto à Santa Sé. “desejo reiterar aqui o desejo de que, em conformidade com os princípios que zelam pela dignidade humana, dos quais o Brasil sempre se fez paladino, se continue a fomentar e divulgar os valores humanos fundamentais, sobretudo quando se trata de reconhecer de maneira explícita a santidade da vida familiar e a salvaguarda do nascituro, desde o momento de sua concepção até o seu termo natural. Pari passu, no que diz respeito às experiências biológicas, a Santa Sé vem promovendo a defesa de uma ética que não deturpe e proteja a existência do embrião e o seu direito de nascer”
Recife, 10 de março de 2009.



Padre Cícero Ferreira de Paula
Chanceler e professor de Direto Canônico


quinta-feira, 12 de março de 2009

CULTURA "DO IT YOURSELF''



Por: Estevan Gracia Gonçalves


É verdade. Hoje vivemos as "benesses" de uma máxima cultural que surgiu na década de 1970 e se enraizou em todos os aspectos da cultura e da tecnologia. A cultura do "Faça você mesmo".

Influenciou a música, surgindo com o punk-rock em contraste com o chamado rock progressivo. Saltou da música para a mídia impressa. E surgiram os Fanzines em contraposição às revistas especializadas.

Passou rapidinho para a tecnologia com um tal Bill Gates popularizando o computador e, a partir daí o desenvolvimento de interfaces acessíveis, linguagens de programação simplificadas, a linguagem hipertextual, a internet e o que temos?

Um estúdio musical completo no quarto do seu filho de 17 anos que produziu seu próprio Cd a um custo de 0,70 centavos por unidade, uma editora no escritório do lado do banheiro do andar de cima, sua própria rádio disponibilizada em forma de podcasts ou então tocando ao vivo com programas de broadcast caseiros e até mesmo sua própria rede de televisão distribuída via Youtube. Blogs, Sites, Perfis em sites de relacionamento e, de repente todos tem seu pequeno espaço para expressar suas próprias opiniões.

O fato é que essa pequena revolução "Do it yourself" invadiu todos os campos da existência humana, moldou de modo quase irreversível o pensamento coletivo e não poderia deixar de penetrar no campo religioso também. Da mesma forma que não é mais necessário recorrer às grandes gravadoras para ter acesso a uma banda ou mesmo para divulgar a própria música, ou conseguir emprego em uma grande editora para distribuir seu próprio livro, julga-se que não é mais necessário uma grande religião para se aproximar de Deus. É o "Deus Do it Yourself".

Faça sua própria religião. Monte seu Deus aqui. Quer um Deus como? O que quer que Deus permita e o que quer que Deus proíba? Quando nos dizem que não podemos fazer nós mesmos, então nos revoltamos. Quem é você para me proibir?

Se por um lado, o cultura do "faça você mesmo" trouxe grandes avanços à liberdade de expressão e a vários campos da humanidade, por outro lado fez vir à tona o individualismo na sua pior forma. O culto à própria personalidade nunca esteve tão em voga como hoje. Um exemplo emblemático é o fato de que hoje, as pessoas se preocupam muito mais com a própria estética do que com a manutenção social. É mais barato gastar trezentos reais com uma escova progressiva do que gastar o mesmo dinheiro com cestas básicas para alimentar moradores de rua. Arranja-se um dia inteiro para cuidar da própria aparência, mas não conseguimos uma hora para trabalho voluntário. De fato essa comparação sequer existe na mentalidade do povo "Do It Yourself".

Nesse culto do "Eu supremo" não é possível compreender situações que exijam um mínimo senso de coletividade. Por isso mesmo encontramos pessoas que afirmam que na religião o importante é Jesus e não a Igreja. Que escolhem qual aspecto da religião querem aceitar e qual devem rejeitar e declaram ser sua escolha uma verdade absoluta. São o seu próprio "Papa Do It Yourself". Instâncias máximas de suas próprias e indiscutíveis verdades. E assim, reduzem o conceito absoluto de Deus - ser pessoal e único, anterior à criação - a uma mera especulação filosófica. Uma abstração que eu posso moldar como quero. Fast Food do Burger King onde escolho se quero meu Deus com ou sem picles, com um ou dois hamburgeres.

Nesse contexto, o Cristianismo só é atraente se ele me oferece alguma vantagem pessoal. Aceito Jesus se ele me der um carro novo, ou me deixar próspero e rico. O Jesus que me leva na direção do miserável, do doente, do leproso, que me encaminha para o chicote e para o martírio é sumariamente rejeitado.

Vivemos em um mundo "Do It Yourself". E por isso mesmo, estamos rodeados de "gente Do It Yourself". Políticos "Do It Yourself". Religiosos "Do It Yourself". Todos às voltas com sua própria concepção de mundo e com a manutenção de si mesmos a todo custo. Nesse mundo em que vivemos, desviar verbas públicas para construir castelos particulares, satisfazer-se com amantes em detrimento da esposa, adulterar a nota fiscal do almoço pago pela empresa para ficar com o troco, acelerar para impedir a ultrapassagem na estrada, matar os filhos no ventre para não colher as consequências do ato mal pensado, passar para trás o sócio ingênuo, tudo isso é válido, perdoável e até mesmo reformulado com termos mais brandos como "interromper a gravidez", "dar um jeitinho", "viver no mundo que é dos espertos", "ser arrojado".

Diante dessa realidade é sim necessário ter uma fé radical. Optar radicalmente por viver em comunidade. Uma comunidade viva que não é outra coisa senão o próprio Corpo de Cristo. Ser radical nessa proposta. Na proposta de ser Igreja. Partilhar aquilo que Ela mesma nos transmite, sua Doutrina, nos tornando - como um sinal de contradição nesses tempos individualistas - membros uns dos outros, uma coletividade.

Obrigado, Charles por me estimular a refletir sobre isso.

Paz e bem.

Mensagem postada na comunidade do Orkut (Católicos não adoram imagens)

terça-feira, 10 de março de 2009

CASO DA MENINA DE ALAGOINHA



Sabemos que uma situação como essa não é fácil para ninguém, mas é necessário que se faça o certo, ainda mais quando vidas humanas estão em jogo.

Um dos médicos do caso que mostrou-se totalmente favorável ao aborto tentou desqualificar o Arcebispo do Recife dizendo que ele trata de medicina e o bispo de religião.

Só que se depender de um médico deste, prefiro eu me consultar com o bispo que me parece mais honesto.

O Argumento do médico quanto a iminente morte da menina, caso a gravidez fosse adiante é totalmente falacioso, para não dizer imoral. Se ele era tão qualificado deveria manter-se informado quanto ao caso da menina indígena do Peru. Link abaixo:

http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20020911/vid_mat_110902_36.htm

http://www.siteselinks.com.br/mae-mais-jovem-do-mundo.htm

http://fhaznew.blogspot.com/2007/11/menina-de-5-anos-me-mais-jovem-do-mundo.html

http://tecnocientista.info/hype.asp?cod=6182

Uma menina que apenas aos 5 anos de idade deu a luz a um menino. Com todos os nove meses de gestação completo, Lina deu a luz a Geraldo que nasceu com 2,7 Kg. Geraldo nasceu saudável e viveu até os 47 anos.

Detalhe, tudo isso aconteceu em 1939. Isso mesmo, na década de 30.

Então falar que uma junta médica especializada não poderia levar adiante a gestação da menina a ponto dos bebês nascerem é realmente uma falácia titânica.

Outros casos parecidos.

Menina de 9 anos dá a luz na salva amazônica.

http://diario.iol.pt/noticia.html?id=704881&div_id=4071

Menina estuprada é a mãe mais nova do Peru (os repórteres não sabiam do caso dos anos 30)

http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/12/02/ult34u169397.jhtm

Veremos abaixo o que realmente aconteceu através de quem esteve e vivenciou o ocorrido.


Por Pe. Edson Rodrigues

Fonte: http://padreedson.blogspot.com/

O lado que a imprensa deixou de ver


Há cerca de oito dias, nossa cidade foi tomada de surpresa por uma trágica notícia de um acontecimento que chocou o país: uma menina de 9 anos de idade, tendo sofrido violência sexual por parte de seu padrasto, engravidou de dois gêmeos. Além dela, também sua irmã, de 13 anos, com necessidade de cuidados especiais, foi vitima do mesmo crime. Aos olhos de muitos, o caso pareceu absurdo, como de fato assim também o entendemos, dada a gravidade e a forma como há três anos isso vinha acontecendo dentro da própria casa, onde moravam a mãe, as duas garotas e o acusado.


O Conselho Tutelar de Alagoinha, ciente do fato, tomou as devidas providências no sentido de apossar-se do caso para os devidos fins e encaminhamentos. Na sexta-feira, dia 27 de fevereiro, sob ordem judicial, levou as crianças ao IML de Caruaru-PE e depois ao IMIP (Instituto Médico Infantil de Pernambuco), de Recife a fim de serem submetidas a exames sexológicos e psicológicos. Chegando ao IMIP, em contato com a Assistente Social Karolina Rodrigues, a Conselheira Tutelar Maria José Gomes, foi convidada a assinar um termo em nome do Conselho Tutelar que autorizava o aborto. Frente à sua consciência cristã, a Conselheira negou-se diante da assistente a cometer tal ato. Foi então quando recebeu das mãos da assistente Karolina Rodrigues um pedido escrito de próprio punho da mesma que solicitava um “encaminhamento ao Conselho Tutelar de Alagoinha no sentido de mostrar-se favorável à interrupção gestatória da menina, com base no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e na gravidade do fato”. A Conselheira guardou o papel para ser apreciado pelos demais Conselheiros colegas em Alagoinha e darem um parecer sobre o mesmo com prazo até a segunda-feira dia 2 de março. Os cinco Conselheiros enviaram ao IMIP um parecer contrário ao aborto, assinado pelos mesmos. Uma cópia deste parecer foi entregue à assistente social Karolina Rodrigues que o recebeu na presença de mais duas psicólogas do IMIP, bem como do pai da criança e do Pe. Edson Rodrigues, Pároco da cidade de Alagoinha.


No sábado, dia 28, fui convidado a acompanhar o Conselho Tutelar até o IMIP em Recife, onde, junto à conselheira Maria José Gomes e mais dois membros de nossa Paróquia, fomos visitar a menina e sua mãe, sob pena de que se o Conselho não entregasse o parecer desfavorável até o dia 2 de março, prazo determinado pela assistente social, o caso se complicaria. Chegamos ao IMIP por volta das 15 horas. Subimos ao quarto andar onde estavam a menina e sua mãe em apartamento isolado. O acesso ao apartamento era restrito, necessitando de autorização especial. Ao apartamento apenas tinham acesso membros do Conselho Tutelar, e nem tidos. Além desses, pessoas ligadas ao hospital. Assim sendo, à área reservada tiveram acesso naquela tarde as conselheiras Jeanne Oliveira, de Recife, e Maria José Gomes, de nossa cidade.


Com a proibição de acesso ao apartamento onde menina estava, me encontrei com a mãe da criança ali mesmo no corredor. Profunda e visivelmente abalada com o fato, expôs para mim que tinha assinado “alguns papéis por lá”. A mãe é analfabeta e não assina sequer o nome, tendo sido chamada a pôr as suas impressões digitais nos citados documentos.


Perguntei a ela sobre o seu pensamento a respeito do aborto. Valendo-se se um sentimento materno marcado por preocupação extrema com a filha, ela me disse da sua posição desfavorável à realização do aborto. Essa palavra também foi ouvida por Robson José de Carvalho, membro de nosso Conselho Paroquial que nos acompanhou naquele dia até o hospital. Perguntei pelo estado da menina. A mãe me informou que ela estava bem e que brincava no apartamento com algumas bonecas que ganhara de pessoas lá no hospital. Mostrava-se também muito preocupada com a outra filha que estava em Alagoinha sob os cuidados de uma família. Enquanto isso, as duas conselheiras acompanhavam a menina no apartamento. Saímos, portanto do IMIP com a firme convicção de que a mãe da menina se mostrava totalmente desfavorável ao aborto dos seus netos, alegando inclusive que “ninguém tinha o direito de matar ninguém, só Deus”.


Na segunda-feira, retornamos ao hospital e a história ganhou novo rumo. Ao chegarmos, eu e mais dois conselheiros tutelares, fomos autorizados a subirmos ao quarto andar onde estava a menina. Tomamos o elevador e quando chegamos ao primeiro andar, um funcionário do IMIP interrompeu nossa subida e pediu que deixássemos o elevador e fôssemos à sala da Assistente Social em outro prédio. Chegando lá fomos recebidos por uma jovem assistente social chamada Karolina Rodrigues. Entramos em sua sala eu, Maria José Gomes e Hélio, Conselheiros de Alagoinha, Jeanne Oliveira, Conselheira de Recife e o pai da menina, o Sr. Erivaldo, que foi conosco para visitar a sua filha, com uma posição totalmente contrária à realização do aborto dos seus netos. Apresentamo-nos à Assistente e, ao saber que ali estava um padre, ela de imediato fez questão de alegar que não se tratava de uma questão religiosa e sim clínica, ainda que este padre acredite que se trata de uma questão moral.


Perguntamos sobre a situação da menina como estava. Ela nos afirmou que tudo já estava resolvido e que, com base no consentimento assinado pela mãe da criança em prol do aborto, os procedimentos médicos deveriam ser tomados pelo IMI dentro de poucos dias. Sem compreender bem do que se tratava, questionei a assistente no sentido de encontrar bases legais e fundamentos para isto. Ela, embora não sendo médica, nos apresentou um quadro clínico da criança bastante difícil, segundo ela, com base em pareceres médicos, ainda que nada tivesse sido nos apresentado por escrito.


Justificou-se com base em leis e disse que se tratava de salvar apenas uma criança, quando rebatemos a idéia alegando que se tratava de três vidas. Ela, desconsiderando totalmente a vida dos fetos, chegou a chamá-los em “embriões” e que aquilo teria que ser retirado para salvar a vida da criança. Até então ela não sabia que o pai da criança estava ali sentado ao seu lado. Quando o apresentamos, ela perguntou ao pai, o Sr. Erivaldo, se ele queria falar com ela. Ele assim aceitou. Então a assistente nos pediu que saíssemos todos de sua sala os deixassem a sós para a essa conversa. Depois de cerca de vinte e cinco minutos, saíram dois da sala para que o pai pudesse visitar a sua filha. No caminho entre a sala da assistente e o prédio onde estava o apartamento da menina, conversei com o pai e ele me afirmou que sua idéia desfavorável ao aborto agora seria diferente, porque “a moça me disse que minha filha vai morrer e, se é de ela morrer, é melhor tirar as crianças”, afirmou o pai quase que em surdina para mim, uma vez que, a partir da saída da sala, a assistente fez de tudo para que não nos aproximássemos do pai e conversássemos com ele. Ela subiu ao quarto andar sozinha com ele e pediu que eu e os Conselheiros esperássemos no térreo. Passou-se um bom tempo. Eles desceram e retornamos à sala da assistente social. O silêncio de que havia algo estranho no ar me incomodava bastante. Desta vez não tive acesso à sala. Porém, em conversa com os conselheiros e o pai, a assistente social Karolina Rodrigues, em dado momento da conversa, reclamou da Conselheira porque tinha me permitido ver a folha de papel na qual ela solicitara o parecer do Conselho Tutelar de Alagoinha favorável ao aborto e rasgou a folha na frente dos conselheiros e do pai da menina. A conversa se estendeu até o final da tarde quando, ao sair da sala, a assistente nos perguntava se tinha ainda alguma dúvida. Durante todo o tempo de permanência no IMIP não tivemos contato com nenhum médico. Tudo o que sabíamos a respeito do quadro da menina era apenas fruto de informações fornecidas pela assistente social. Despedimo-nos e voltamos para nossas casas. Aos nossos olhos, tudo estava consumado e nada mais havia a fazer.


Dada a repercussão do fato, surge um novo capítulo na história. O Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, Dom José Cardoso, e o bispo de nossa Diocese de Pesqueira, Dom Francisco Biasin, sentiram-se impelidos a rever o fato, dada a forma como ele se fez. Dom José Cardoso convocou, portanto, uma equipe de médicos, advogados, psicólogos, juristas e profissionais ligados ao caso para estudar a legalidade ou não de tudo o que havia acontecido. Nessa reunião que se deu na terça-feira, pela manhã, no Palácio dos Manguinhos, residência do Arcebispo, estava presente o Sr. Antonio Figueiras, diretor do IMIP que, constatando o abuso das atitudes da assistente social frente a nós e especialmente com o pai, ligou ao hospital e mandou que fosse suspensa toda e qualquer iniciativa que favorecesse o aborto das crianças. E assim se fez.


Um outro encontro de grande importância aconteceu. Desta vez foi no Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, na tarde da terça-feira. Para este, eu e mais dois Conselheiros, bem como o pai da menina formos convidados naquela tarde. Lá no Tribunal, o desembargador Jones Figueiredo, junto a demais magistrados presentes, se mostrou disposto a tomar as devidas providências para que as vidas das três crianças pudessem ser salvas. Neste encontro também estava presente o pai da criança. Depois de um bom tempo de encontro, deixamos o Tribunal esperançosos de que as vidas das crianças ainda poderiam ser salvas.


Já a caminho do Palácio dos Manguinhos, residência do Arcebispo, por volta das cinco e meia da tarde, Dom José Cardoso recebeu um telefonema do Diretor do IMIP no qual ele lhe comunicava que um grupo de uma entidade chamada Curumins, de mentalidade feminista pró-aborto, acompanhada de dois técnicos da Secretaria de Saúde de Pernambuco, teriam ido ao IMIP e convencido a mãe a assinar um pedido de transferência da criança para outro hospital, o que a mãe teria aceito. Sem saber do fato, cheguei ao IMIP por volta das 18 horas, acompanhado dos Conselheiros Tutelares de Alagoinha para visitar a criança. A Conselheira Maria José Gomes subiu ao quarto andar para ver a criança. Identificou-se e a atendente, sabendo que a criança não estava mais na unidade, pediu que a Conselheira sentasse e aguardasse um pouco, porque naquele momento “estava havendo troca de plantão de enfermagem”. A Conselheira sentiu um clima meio estranho, visto que todos faziam questão de manter um silêncio sigiloso no ambiente. Ninguém ousava tecer um comentário sequer sobre a menina.


No andar térreo, fui informado do que a criança e sua mãe não estavam mais lá, pois teriam sido levadas a um outro hospital há pouco tempo acompanhadas de uma senhora chamada Vilma Guimarães. Nenhum funcionário sabia dizer para qual hospital a criança teria sido levada. Tentamos entrar em contato com a Sra. Vilma Guimarães, visto que nos lembramos que em uma de nossas primeiras visitas ao hospital, quando do assédio de jornalistas querendo subir ao apartamento onde estava a menina, uma balconista chamada Sandra afirmou em alta voz que só seria permitida a entrada de jornalistas com a devida autorização do Sr. Antonio Figueiras ou da Sra. Vilma Guimarães, o que nos leva a crer que trata-se de alguém influente na casa. Ficamos a nos perguntar o seguinte: lá no IMIP nos foi afirmado que a criança estava correndo risco de morte e que, por isso, deveria ser submetida ao procedimentos abortivos. Como alguém correndo risco de morte pode ter alta de um hospital. A credibilidade do IMIP não estaria em jogo se liberasse um paciente que corre risco de morte? Como explicar isso? Como um quadro pode mudar tão repentinamente? O que teriam dito as militantes do Curumim à mãe para que ela mudasse de opinião? Seria semelhante ao que foi feito com o pai?


Voltamos ao Palácio dos Manguinhos sem saber muito que fazer, uma vez que nenhuma pista nós tínhamos. Convocamos órgãos de imprensa para fazer uma denúncia, frente ao apelo do pai que queria saber onde estava a sua filha.


Na manhã da quarta-feira, dia 4 de março, ficamos sabendo que a criança estava internada na CISAM, acompanhada de sua mãe. O Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (FUSAM) é um hospital especializado em gravidez de risco, localizado no bairro da Encruzilhada, Zona Norte do Recife. Lá, por volta das 9 horas da manhã, nosso sonho de ver duas crianças vivas se foi, a partir de ato de manipulação da consciência, extrema negligência e desrespeito à vida humana.

Isto foi relatado para que se tenha clareza quanto aos fatos como verdadeiramente eles aconteceram. Nada mais que isso houve. Porém, lamentamos profundamente que as pessoas se deixem mover por uma mentalidade formada pela mídia que está a favor de uma cultura de morte. Espero que casos como este não se repitam mais.


Ao IMIP, temos que agradecer pela acolhida da criança lá dentro e até onde pode cuidar dela. Mas por outro lado não podemos deixar de lamentar a sua negligência e indiferença ao caso quando, sabendo do verdadeiro quadro clínico das crianças, permitiu a saída da menina de lá, mesmo com o consentimento da mãe, parecendo ato visível de quem quer se ver livre de um problema.


Aos que se solidarizaram conosco, nossa gratidão eterna em nome dos bebês que a esta hora, diante de Deus, rezam por nós. “Vinde a mim as crianças”, disse Jesus. E é com a palavra desde mesmo Jesus que continuaremos a soltar nossa voz em defesa da vida onde quer que ela esteja ameaçada. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham plenamente” (Jo, 10,10). Nisso cremos, nisso apostamos, por isso haveremos de nos gastar sempre. Acima de tudo, a Vida!


Pe. Edson Rodrigues
Pároco de Alagoinha-PE


Colaborações do Blog Shemá. (Anderson macena)

Por: Elizabeth Kipman Cerqueira


Parecer de médica obstetra sobre aborto em Recife Meus amigos,

Todo o fato é terrível - não é isso que se está discutindo - porém acho importante fazermos algumas reflexões pois o aborto não era a única nem a melhor solução:
a) Devem ter usado Cytotec (?) - que tem protocolo muito claro para tratamento de úlceras gástricas - não há experiência suficiente de seu uso em meninas de 9 anos grávidas (mesmo que tenham usado outra droga - sempre se está atirando meio no escuro pois é de se convir que é raro uma gravidez gemelar aos 9 anos) - portanto houve risco na indução do aborto;
b) A menina não corria risco de vida agora - não havia esta pressa nem indicação de intervenção no momento para salvar a sua vida;
c) De onde vem a estatística que ela corria o risco de 90% de morte ou de qualquer outra %? Estatística deve ser registrada em trabalho médico de pesquisa e com amostragem significativa para ter valor;
d) Haveria possibilidade que tivesse parto prematuro ou até aborto (espontâneo) - mas, quando espontâneo, o processo é mais simples e de menor risco;
e) Se levasse a gravidez pelo menos até 22 semanas, teríamos 15 a 20% de chance de sobrevivência para os gêmeos (mesmo que fosse 10% de chance - estaríamos tentando salvar as crianças sem aumento de risco para a mãezinha);
f) psicologicamente, esta menina foi usada como um trapo pelo homem, destruída como pessoa, percebendo-se marcada inconscientemente como algo sem valor - e por 3 longos anos. Ao experimentar a destruição dos filhos como lixo, o inconsciente registra - "viu, sou lixo e de mim só pode sair lixo" . Sabe-se lá como se fará para recuperar todo esse novelo em sua cabecinha. Por outro lado, imagine se: ela sentindo-se rodeada por atenção, amor, cuidado e experimentado a valorização das crianças que trazia dentro de si - mesmo que a análise racional não fosse predominante - poderia estar começando aí o seu resgate como pessoa integral;
g) sei de meninas que deram a luz com 10 anos e continuam muito bem após anos e anos;
h) Não sei de ninguém que morreu por causa da idade precoce com que engravidou, se recebeu acompanhamento adequado. Vou pesquisar mais e comunico a vocês se houver algum trabalho nesse sentido?.

Dra. Elizabeth Kipman Cerqueira
Médica ginecologista integrante da Comissão de Ética
Coordenadora do Depto. de Bioética do Hospital São Francisco, em Jacareí, São Paulo
Diretora do Centro Interdisciplinar de Bioética da Associação "Casa Fonte da Vida"
Especialista em Logoterapia e Logoteoria aplicada à Educação.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Nota Oficial da CNBB sobre o caso de Alagoinha

NOTA OFICIAL DA CNBB





Nota em defesa da vida

Nós, bispos da Igreja Católica, coordenadores e coordenadoras de pastoral, reunidos na sede da CNBB do Regional NE 2, na cidade do Recife, tomamos conhecimento do caso da menina de nove anos, da cidade de Alagoinha, grávida de gêmeos, resultado do estupro praticado pelo padrasto e da interrupção da gravidez. Diante do fato e da sua repercussão, sentimo-nos levados a fazer uma breve reflexão:

1- A Igreja, historicamente, sempre se colocou a favor da vida, desde a sua concepção e desenvolvimento até seu declínio natural, iluminada pela Palavra de Jesus: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham plenamente".

2 - Esse princípio norteou a prática da Igreja no Brasil, também na época do Regime Militar, instaurado em 1964, quando se colocou a favor da vida e da dignidade das pessoas, defendendo os direitos humanos dos perseguidos, torturados e refugiados políticos.

3 - A Campanha da Fraternidade que, a cada ano, promove a vida e defende a dignidade das pessoas, coloca-se contra todo tipo de violência, em qualquer circunstância, para construir uma sociedade baseada na "civilização do amor".

4 - Hoje, cresce a consciência dos direitos humanos, que não admite nenhum tipo de violência, tanto mais, envolvendo a criança e a mulher. No caso específico, repudiamos o estupro e o abuso sexual sofridos pela criança.

5 - Vivemos em uma sociedade pluralista onde o Estado se estrutura e se rege por uma legislação, refletindo a cultura dominante, que nem sempre respeita os princípios éticos e naturais. Nem sempre se pode identificar o que está amparado por leis, com princípios éticos e valores morais. Para nós, sempre terá precedência o mandamento do Senhor: Não matarás!

Portanto, diante da complexidade do caso, lamentamos que não tenha sido enfrentado com serenidade, tranquilildade e o tempo necessários que a situação exigia. Além disso, não concordamos com o desfecho final de eliminar a vida de seres humanos indefesos. Cabe a nós externar publicamente as nossas convicções em defesa da vida que é sempre um dom de Deus.

CNBB



quinta-feira, 5 de março de 2009

Igreja Católica, sempre Coerente. Mídia brasileira, sempre lamentável.




Começo este artigo com um grande elogio a Dom José Cardoso Sobrinho, Arcebispo de Recife.
Oxalá todos os Bispos do Brasil tivessem atitudes como as dele, conforme tomei conhecimento (Obrigado Anderson).
Dom José Cardoso, você ganhou um fã.
O Bispo Dom José, durante os últimos dias, esteve em uma verdadeira odisséia para impedir o assassinato de dois inocentes. Dois bebês dentro de um, também inocente e prematuramente maculado, útero materno.

Infelizmente toda a sua luta não surtiu o efeito desejado. Como podemos saber pelos jornais, as crianças foram mortas. Condenadas a morte sem terem cometido nenhum crime. Lamentável.

Mas agora, os olhos dos assassinos e seus apoiadores se viram para o Arcebispo. (Como poderemos ver no vídeo abaixo)

Este homem fez valer seu posto de pastor e condutor das Ovelhas católicas, Lembrou-nos que ainda temos quem nos guie, quem nos conduza. Acredito que o próprio Papa deva estar batendo palmas para a sua atitude agora Mas infelizmente sua atitude não tomou o rumo esperado por nós que defendemos a vida.

Como abutres a espreita, as abortistas em, questões de segundos se propuseram a "ajudar". Ajudar a tirar uma vida, ou melhor, Duas vidas inocentes.

No Jornal Nacional de ontem, pudemos ver a mente mesquinha dos que defendem a morte, por seu porta voz honorário, Arnaldo Jabor, que não sendo católico não deveria se meter nas questões da nossa fé. O que a excomunhão significa para ele? Veja:

http://www.youtube.com/watch?v=vt-_tXbIMRg

Em seu editorial (de Jabor), que deve mostrar o pensamento não só dele, como o da Rede Globo de Televisão, o Arcebispo foi profundamente difamado e até para o Papa Bento XVI sobrou.

Hoje, católicos que mantém a ortodoxia são taxados de retrogradas. (infelizmente, contribuição das letras T e L).

Uma pessoa como o Arnaldo Jabor, que se faz de inteligente, é no mínimo mesquinho quando menciona de maneira superficial o caso da Santa Joana D'arc para defender a morte e atacar a atitude do Arcebispo e do Papa. Falta de argumento ou sensacionalismo?
Elogiando o Papa João Paulo II e João XXIII dá a entender que eles não apoiariam atitudes como as do Arcebispo. Ele muito se engana. João Paulo II lutou muito contra o aborto.

Indiretamente acusa o Arcebispo e o Papa Bento XVI de não defenderem os desvalidos. Mas quais desvalidos? Foi justamente o que fez Dom José. Defendeu quem não tinha vez alguma. Os fetos.

Também não entendi o que ele quis dizer com "olhos frios de Bento XVI". Ele tem feito maravilhas para manter a ortodoxia da igreja, não esta indo contra nada que a Igreja já não fizesse. Porque os não cristãos estão tão incomodados com isso? Será que querem nós católicos tão relativistas como eles? Aceitando tudo que nos oferecem como eles? Achando tudo normal?
Isto soa um tanto quanto preconceituoso, mas é a realidade. Sem uma boa estrutura de fé estamos a mercê dos ventos “modernos”.

Acusam-nos de retrogradas por defendermos a vida. Retrogradas são pessoas como Arnaldo Jabor, que defendem atitudes como essas. Atitudes como essa sim, são retrogradas, pois já eram usadas no império pagão Romano e em outras sociedades barbaras.

Caras como Arnaldo jabor e seu pseudo conhecimento superficial e apaixonado contra a Igreja sim têm trazido retrocesso.
Retrogradas sim , pois trazem novamente para nós a barbárie da morte de outros tempos.
Trazem para nós a ideia de que quando o assassinato não é visto é válido. Com certeza se a Polícia do Recife tivesse entregado o padastro e estuprador da menina de 09 anos para o linchamento (não que eu defenda isso) apareceriam diversos órgãos de direitos humanos para repudiar a ação e no dia seguinte, Jabor usaria todo seu veneno contra o Estado.
O ser humano no útero hoje não vale nada, não tem direitos (embora estes estejam na Constituição Federal), não tem proteção.

Outro grande furo de Jabor foi dizer que a Igreja foi vacilante no caso do Bispo Richard Williamson e ainda acrescentar que ele negou o Holocausto.
Primeiramente a Igreja não foi vacilante coisa nenhuma. O Bispo foi punido exemplarmente. Segundo, o Bispo não negou o holocausto e sim questionou o número de mortos e a existência de câmaras de gás.
Novamente falta de informação de Arnaldo ou manipulação da informação para sensacionalizar?
E Jabor ainda afirma com quem Deus está. Nossa! Agora qualquer um tem o poder de Deus nas mãos. “Pedro tu és pedra” Não vale mais nada.
Hoje vemos como Jabor é profundo conhecedor da Igreja e de história e por fim tem autoridade de decide com quem está Deus.

Gloria In exelsis Jabor.

Texto: Leonardo da Silva Campos, Sharla
Revisão:Sharla