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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Estudo sobre a formação da Bíblia. Parte 2

Apócrifos referentes ao Novo Testamento rejeitados pela Igreja Católica:
1. Evangelho segundo os Hebreus (gnóstico) – Fim do Séc I d.C.
2. Proto – Evangelho de Tiago.
3. Evangelho do Pseudo Tomé.
4. O Evangelho de Pedro – Meados do Séc II d.C.
5. O Evangelho de Nicodemos.
6. O Evangelho dos Ebionitas ou dos Doze Apóstolos – Meados do Séc II d.C.
7. Evangelho segundo os Egípcios – Meados do Séc II d.C.
8. Evangelho de André – Séc II/III d.C.
9. Evangelho de Felipe – Séc II/III d.C.
10. Evangelho de Bartolomeu – Séc II/III d.C.
11. Evangelho de Barnabé – Séc II/III d.C.
12. O drama de Pilatos.
13. A morte e assunção de Maria.
14. A Paixão de Jesus.
15. Descida de Jesus aos Infernos.
16. Declaração de José de Arimatéia.
17. História de José o garimpeiro.
18. Atos de Pedro.
19. Atos de Paulo.
20. Atos de André.
21. Atos de João.
22. Atos de Tomé.
23. Atos de Felipe.
24. Atos de Tadeu.
25. Epístola de Barnabé.
26. III Epístola aos Coríntios – Séc. II d.C.
27. Epistola aos Loadicenses – Fim do Séc. II d.C.
28. Carta dos Apóstolos – 180 d.C.
29. Correspondência entre Sêneca e São Paulo – Séc. IV d.C.
30. Apocalipse de Pedro – Meados do Séc. II d.C.
31. Apocalipse de Paulo – 380 d.C.
32. Sibila Cristã – Séc. III d.C.
Também em relação ao Antigo Testamento a Igreja Católica, rejeitou diversos livros
como apócrifos, utilizando-se mais uma vez de sua autoridade para a delimitação do Cânon
Bíblico.
Apócrifos referentes ao Antigo Testamento rejeitados pela Igreja Católica:
1. A vida de Adão e Eva.
2. I Henoque.
3. II Henoque.
4. Apocalipse de Abraão.
5. Testamento de Abraão.
6. Testamento de Isaac.
7. Testamento de Jacó.
8. Escada de Jacó.
9. José e Asenet.
10. Testamento dos Doze Patriarcas.
6

11. Assunção de Moisés.18
12. Testamento de Jô.
13. Salmos de Salomão.
14. Odes de Salomão.
15. Testamento de Salomão.
16. Apocalipse de Elias.
17. Ascensão de Isaías.
18. Paralipômenos de Jeremias.
19. Apocalipse Siríaco de Baruc.
20. Apocalipse de Sofonias.
21. Apocalipse de Esdras.
22. Apocalipse de Sedrac.
23. III Esdras.
24. IV Esdras.
25. Sibilinos.
26. Pseudo-Filemon.
27. III Macabeus.
28. IV Macabeus.
29. Salmos 151-155.
30. Oração de Manasses.
31. Carta de Aristeu.
32. As Dezoito Bênçãos.
33. Ahigar.
34. Vida dos Profetas.
35. Recabitas.
Relação de citações implícitas dos livros deuterocanônicos nos escritos do Novo
Testamento:

18
Na Epístola de S. Judas (canônica), há uma alusão deste apócrifo, citando uma antiga tradição hebraica – A
ascensão de Moisés.(cf. Judas v.9).E uma citação do apócrifo de Henoque (cf. Judas v. 14-15).



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VERSÕES DO VELHO TESTAMENTO

• Pré – Massorético e Massorético – É um trabalho que surge do fim do primeiro
século em diante, transmitindo o texto hebraico livre de corrupção. O texto do
Velho Testamento fixou-se pela tradição, e a versão massorética trazia as
variantes anotadas na margem. O hebraico era escrito sem o uso das vogais até
o século VII. Entre os séculos VII a X os doutores judeus colocaram as vogais
no texto.
• Semíticas:
1. Em primeiro lugar se coloca os Targuns, devido a utilizar linguagem que mais se
aproxima do original hebraico. Após a volta dos Judeus do cativeiro da Babilônia,
em grande parte haviam perdido o uso da própria língua, sendo-lhes necessário não
só ler ás escrituras no original como dar-lhe a verdadeira significação. Dessa forma
era feita a tradução parafraseada numa série de targuns (interpretações) na língua
caldéica ou no dialeto oriental aramaico. Os targuns eram numerosos e os que
chegaram até nos eram da era cristã. Os mais antigos são os da Lei e dois referentes
ao Pentateuco anteriores ao sétimo século.
2. O Pentateuco Samaritano - Foi escrito num dialeto da família hebraica, utilizando
caracteres do antigo hebraico. Eusébio de Cesaréia e Cirilo de Jerusalém fazem
referencias a cópias deste manuscrito. Por muito tempo pensou-se que tudo
havia sido perdido, mas no princípio do século XVII foi enviada uma cópia de
Constantinopla a Paris. O valor dessa obra chegou a ser superestimado, mas já
não se julga superior ao texto hebraico. A cópia samaritana é valorosa para a
determinação da história das vogais hebraicas.
• Versões Gregas:
1. A septuagentina – A versão chamada dos LXX (setenta) ou Septuagentina ou ainda
Alexandrina, foi feita no Egito por judeus de Alexandria. Aristeas, um escritor da
Corte de Ptolomeu Filadelfo19 II (285-247 a.C.) conta em uma pseudocarta, que
esta versão foi feita por setenta e dois judeus (seis de cada tribo) mandados a
Alexandria no ano de 285 a.C. por Eleazer a pedido de Demétrio Falário, o
bibliotecário do rei e completada em setenta e dois dias. Não se pode precisar
que se tenha ocorrido verdadeiramente dessa maneira que a história nos chega.
Quanto ao tempo em que se completou, não existe prova alguma. Uma análise
crítica da obra mostra que esta contém muitas palavras greco-egípcias, e que o
Pentateuco está traduzido com maior exatidão do que os outros livros.
19
Rei egípcio de Alexandria no século II a.C, que se orgulhava de possuir em sua rica biblioteca todos os outros livros.


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2. A Hexapla de Orígenes – Na primitiva Igreja Cristã20 a versão dos LXX era de
grande estima, embora certos escritores buscassem o texto hebraico para
confirmar seu texto. No intuito de corrigi-la, Orígenes (185-254), um dos
grandes teólogos da Igreja Católica do século III, compôs a sua Hexapla ou
Versão das seis colunas (em meados de 228 d.C.). Esta versão continha além da
Versão dos LXX, as traduções gregas do Antigo Testamento feitas por: Áquila
do Ponto (130 d.C.); Teodoto de Éfeso (160 d.C.) e Símaco um samaritano (218
d.C.). As duas colunas restantes continham o texto hebraico e a sua tradução
em caracteres gregos. Esta obra era constituída de cinqüenta volumes e perdeu-
se provavelmente no saque de Cesaréia, feito pelos sarracenos em 653 d.C.
Eusébio21 de Cesaréia (260-339) havia copiado a coluna formada pelo texto da
versão dos LXX, com as correções ou adições dos outros tradutores aos quais
Orígenes havia recorrido. O texto hexaplariano como é conhecido, foi publicado
em Paris no ano de 1714. Os principais códices manuscritos dos LXX são: o
Vaticano (B); o Sianaítico; o Alexandrino (A) e os fragmentos do Códice
Efraimita (C). Entre as edições impressas dos LXX, pode-se citar a
Complutensiana (1517), que segue em muitos trechos a versão hebraica
massorética e a Hexapla de Orígenes; a Aldina (1518), que apresenta muitas
variantes do Códice do Vaticano (B); a Romana ou Vaticana (1587) baseada no
Códice do Vaticano (B); a Grabiana (1707 a 1720) que foi baseada
principalmente no Códice Alexandrino (A) e a edição crítica de Cambridge (1887
– 1894).
• Antigas Versões Latinas :
1. Latina – Entre as mais antigas versões baseadas nas versões dos LXX, temos a
Latina feita na África, e muitas vezes transcritas total ou parcialmente em várias
províncias do Império Romano. Pelas diferenças que se encontram nas cópias,
alguns acreditam que houveram diversas versões, porém a hipótese mais aceita é
que se trata da revisões da mesma tradução original.
2. Ítala – A mais importante das revisões da Latina fez-se na Itália, com o fim de
corrigir os provincianismos e outros pequenos defeitos da versão africana.
Santo Agostinho refere-se a ela em seu escrito De Doctrina Cristiana II,
chamando-a de Ítala. São Jerônimo22 a considera em geral muito boa. Em seu
texto predomina traços do Códice Alexandrino (A) e baseando-se em citações
20
Quando se diz Primitiva Igreja Cristã ou Igreja Primitiva, entenda-se a única Igreja Cristã existente na
época: Católica Apostólica (vide nota de rodapé nº 5). “As primeiras Igrejas surgiram como comunidades
fundadas pelos apóstolos (54 d.C.). Do núcleo fundado por Pedro em Roma, originou-se todo o cristianismo no
Ocidente, que posteriormente foi dividido em arquidioceses, dioceses e províncias eclesiásticas, em comunhão
com a Sé Romana, a partir de 70 d.C.” (Revista: Superinteressante. Ed.181, pg.22-23).
21
Bispo Católico de Cesaréia na Palestina. Por volta do ano 300 d.C. escreveu a primeira História da Igreja.
Nasceu na Palestina, em Cesaréia, foi discípulo de Orígenes (184-254). Escreveu sua Crônica, A História
Eclesiástica, A preparação e a Demonstração Evangélicas. Foi perseguido pelo imperador romano Dioclesiano.
22
Viveu de 347 a 420 d.C, é considerado “Doutor Bíblico”. Em 379 d.C. ordenou-se sacerdote pelo Bispo
Paulino de Antioquia. De 382 a 385 d.C. foi secretário do Papa S. Damaso, por cuja ordem vez a revisão latina
da Bíblia, conhecida como Vulgata, levando aproximadamente 34 anos para terminar. Em S. Jerônimo destaca-
se a austeridade, o temperamento forte, a erudição e o amor à Igreja e a Sé de Pedro.


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de Tertuliano,23 presume-se que a versão seja do final do segundo século (Séc. II
d.C.).
3. Vulgata – Devido a diversidade de cópias e as suas imperfeições, a pedido do Papa
(de 366 a 384 d.C.) S. Dâmaso, S. Jerônimo foi incumbido da tarefa de fazer a
revisão dos textos das cópias latinas, como Orígenes havia feito a revisão da
Septuagentina. Utilizou para isso a Hexapla de Orígenes, para corrigir todo o
Velho Testamento. Quando estava prestes a terminar esta correção, S. Jerônimo
decidiu fazer uma tradução em latim, feita diretamente do Hebraico. Consagrou
o melhor do seu tempo a esta obra, completando-a em 404 d.C.
aproximadamente.


“Entre os tradutores antigos da Bíblia, S. Jerônimo foi o último no tempo, embora o primeiro
no mérito: não só por se ter podido valer do trabalho dos seus antecessores, mas sobretudo
porque, pela prática constante, adquiriu domínio tal das línguas bíblicas (hebraico, aramaico e
grego) que entre os antigos cristãos não se conhece igual. Acrescente-se um conhecimento
igualmente único da literatura exegética tanto judaica, quanto cristã. Com bagagem de cultura
literária incomum, com ótima preparação e excelentes critérios, pôs mãos ao árduo trabalho.
Começou por corrigir (em Roma em 384 a convite do Papa S. Dâmaso) os Evangelhos
Latinos, auxiliado para isso pelos melhores códices gregos. Transferindo-se depois para a
Palestina (386)... estendeu o mesmo trabalho de paciente revisão... aos livros do Antigo
Testamento; mas tendo terminado uma parte deles, sobretudo os Salmos, que passaram depois
a Vulgata, compreendeu que prestaria um serviço muito melhor à Igreja, fazendo uma nova
versão diretamente do texto hebraico. E sem esmorecer diante das ingentes dificuldades, e sem
se cansar no longo e áspero caminho, a ela se dedicou com admirável constância pelo espaço de
uns quinze anos, de 390 a 404, até o acabamento feliz da obra”. (Bíblia Sagrada. São
Paulo. 1982, p.13)


Uma reverencia supersticiosa à versão dos LXX, fez com que muitos não aceitassem a
obra de S. Jerônimo, mas a tradução foi conquistando espaço e ganhando destaque, e no tempo
de Gregório (o Grande), Papa de 690 a 604, já tinha igual autoridade e foi dignificada com o
nome de Vulgata (“versio Vulgata”; a versão corrente).


As traduções de S. Jerônimo não encontraram imediatamente no mundo latino a acolhida que
mereciam. A propagação devida em parte às dificuldades da época, foi lenta, mas em constante
progresso, de sorte que dois séculos depois S. Isidoro de Sevilha24 (636) pôde escrever que ela já
estava em uso em toda a Igreja do Ocidente, e mais tarde o renascimento carolíngio consagrou-
lhe definitivamente o triunfo sobre as antigas versões latinas. Formou-se assim entre o séc. V e
IX, a versão que propriamente é chamada Vulgata. (Bíblia Sagrada. São Paulo. 1982,
p.13-14)


23
Tertuliano (220d.C.) de Catargo, norte da África, era advogado em Roma quando em 195 d.C converteu-se
ao Cristianismo passando a servir à Igreja de Catargo como catequista. Combateu as heresias do gnosticismo,
mas se desentendeu com a Igreja. É autor da frase: “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos.”
24
Viveu de 560 a 636 d.C. foi Bispo e Doutor da Igreja. Nasceu em Sevilha, foi educado por seu irmão São
Leandro, bispo de Sevilha. É chamado também o último Padre da Igreja do Ocidente. A sua obra Etimologias,
composta de 20 volumes, é uma síntese de todo saber antigo e de seu tempo.


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