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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Estudo sobre a formação da Bíblia. Parte 4

Orígenes († 254 d.C.) – (segundo Eusébio de Cesaréia), lista do todos os livros do Novo Testamento, exceto as Cartas de Tiago e Judas, aos quais se refere em outra parte.

Eusébio Panfílio – (315 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento, relata porém que há contestação da parte de alguns a respeito das Cartas de Tiago, Judas, II Pedro, II e III João.

S. Atanássio († 337 d.C) - (315 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento. Fala da obra O Pastor de Hermas, como útil, mas não como canônico.

S. Cirilo de Jerusalém († 386 d.C) – (315 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento, exceto o Apocalipse de S. João, os livros contestados de que fala Eusébio já são neste tempo geralmente aceitos.

Concílio de Laodicéia – (364 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento, com exceção do Apocalipse.

Epifânio de Salamis – (370 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento.

Gregório Nazianzeno († 389 d.C.) – (375 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento, menos o Apocalipse.

Anfilóquio de Icônio – (380 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento, mas diz que a maioria exclui o Apocalipse.

Filástrio de Bréscia – (380 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento, menciona treze Cartas de S. Paulo e a Carta aos Hebreus, dizendo sobre a mesma, que alguns duvidam que seja de autoria de S. Paulo, diz também que outros negam que sejam de S. João o Evangelho e o Apocalipse.

Concílio de Catargo II – (397 d.C.) Foi um Concílio regional da Igreja, ao qual S.

Agostinho († 430 d.C.) assistiu, cita todos os livros do Novo Testamento, sendo as atas deste Concílio muito importantes pelo seu testemunho histórico.

S. Jerônimo († 420 d.C.) – (382 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento, diz que a Carta aos Hebreus é colocada por muitos fora dos escritos de S. Paulo.

Rufino de Aquiléia – (390 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento.

S. Agostinho († 430 d.C.) – Lista do todos os livros do Novo Testamento, refere-se à Carta aos Hebreus como sendo de S. Paulo.

S. João Crisóstomo († 407 d.C.) – Numa sinopse que lhe atribuem, enumera quatorze Cartas de S. Paulo, os quatro Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e três Epístolas Católicas, omitindo o restante dos livros.



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OS MANUSCRITOS DO NOVO TESTAMENTO



Os mais antigos manuscritos dos textos do Novo Testamento eram escritos em papiro, um material frágil, que se estragava com o manuseio e que somente se conservava em condições excepcionais de um clima seco como o do Egito.

Existem pedaços dos Evangelhos e Epístolas em papiro, encontrados na grande quantidade de manuscritos do Egito. Foram encontrados fragmentos de Evangelho S. Mateus (Mat 1,1-9.12.14-20), do Evangelho de S. João (Joa 1,23-31.33-41; 20,11-17.19-25) pelos exploradores Grenfell e Hunt em Oxyrhynehus, a 120 milhas ao sul do Cairo, no Egito. O fragmento de Mateus está na Biblioteca da Universidade da Pensilvânia, o de João esta no Museu Britânico. Pelos mesmos exploradores também foram encontrados a Logia ou Palavras de Nosso Senhor, que muito provavelmente foi copiada no ano 200 d.C.

No século IV d.C. os papiros foram substituídos pelos pergaminhos, dando aos manuscritos uma maior durabilidade e permanência. A Conversão de Constantino ao Cristianismo, fez com que houvesse uma cuidadosa e brilhante produção de escritos cristãos. Os códice (“codex” alavra derivada de Caudex, é uma tabuinha geralmente coberta de cera, na qual se escrevia com um ponteiro de ferro, chamado stylus ) foram adotados no lugar dos rolos, e assim pela primeira vez, as escrituras do Novo Testamento, puderam ser convenientemente ajuntadas num único volume. Os códices eram reunidos por um cordel, que passava por orifícios feitos no alto dos exemplares à esquerda, ficando desse modo com forma de livro, ao contrário das volumina ou rolos. Todos os manuscritos que tivessem esta forma eram chamados de “códice,”como as tabuinhas eram muito usadas para fins jurídicos, chama-se código a um sistema de leis.

Eusébio († 339 d.C.) afirma em seu livro Vida de Constantino que o Imperador mandou fazer cinqüenta exemplares das Escrituras em pergaminho, para as Igrejas de sua nova capital. Dois desses exemplares talvez existam no Códice Vaticano B e no manuscrito Sinaítico.

Quando o pergaminho se tornou muito caro para o copista, as palavras eram muitas vezes lavadas e raspadas, para se escrever outra coisa, esse tipo de manuscrito era chamado de “codex rescriptus” ou “Palimpsesto,”do grego, “raspado de novo”. Algumas vezes acontecia que a raspadura não era completa, ou que a tinta do original se tornava tão estável que o velho escrito reaparecia. Temos como exemplo o Códice Ephraemi (C), sobre o qual falaremos a seguir.

Os manuscritos do Novo Testamento acham-se divididos em duas classes, a Uncial (provém de “uncia”, polegada em latim), escritas em letras maiúsculas, e a Cursiva, escritas em letras minúsculas.

Nos primeiros séculos o Novo Testamento estava dividido em três partes: os Evangelhos, as Epístolas e os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse. No século III d.C. os evangelhos foram divididos em duas espécies de “capítulos”: os maiores eram os resumos e os menores capítulos, estas divisões foram introduzidas por primitivamente por Amônio e por isso chamadas de divisões amonianas. No século IV d.C. já eram usadas nos Evangelhos, sendo adaptadas por Eusébio em suas “tábuas de referência”, conhecidos de “cânones de Eusébio”.

No ano de 459 d.C. Eutálio, diácono de Alexandria, publicou uma edição das Cartas de S. Paulo, divididas em “capítulos”, segundo as divisões amonianas, do mesmo modo, dividiu ele em 490 d.C. as Epístolas Católicas e os Atos dos Apóstolos. Ele próprio afirma que pôs acentos nos manuscritos, copiados por ele, costume que não se generalizou até o século VIII d.C.

A moderna divisão em capítulos é atribuída aos católicos cardeal Estevão Langton (†1228), no início do século XIII d.C. na Universidade de Paris, mais tarde no século XVI d.C. os mesmos capítulos foram divididos em versículos numerados por Sante Pagnine, para o Antigo Testamento (1528) e por Roberto Estevão, para o Novo Testamento (1551).



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São conhecidos aproximadamente 5.236 manuscritos29 do texto original em grego do Novo Testamento, sendo 266 códices unciais, 2.754 códices cursivos, 81 papiros e 2.135 lecionários, comprovadamente autênticos pelos mais renomados pesquisadores e especialistas do mundo.



OS PRINCIPAIS MANUSCRITOS UNCIAIS



São os principais códices que se conservaram, servindo para que se possa conhecer os nomes, as datas e o valor comparativo dos principais exemplares do texto sagrado. Segundo S. Agostinho em sua obra De doctrina Cristiana “O primeiro cuidado de quem quer entender a Divina Escritura deve ser o de corrigir os códices”.

  • (N) Alef – Sinaíticus (Aleph 01) – Foi descoberto no convento de Sta. Catarina, no monte Sinai em 1859, pertence ao século IV d.C. Contém o Antigo Testamento grego e todo Novo Testamento, além das Epístolas de Barnabé e uma parte do Pastor de Hermas. Está no Museu Britânico desde 1933.



  • (A) Alexandrinus (A02 Alexandrino) – Foi oferecido ao Rei Carlos I da Inglaterra, por Cirilo Lucar, o Patriarca de Constantinopla em 1627. Pertence ao século V d.C. Contém o Velho Testamento grego, e o Novo Testamento desde Mateus 25,6 havendo algumas falhas (João 6,50 - 8,1-52; II Coríntios 4,13 – 12,1-6), contém também a Primeira Epístola de Clemente de Roma, com uma pequena parte da segunda (uma homilia). Está no Museu Britânico.



  • (B) Vaticanus (B03 Vaticano) – Foi colocado na Livraria do Vaticano em Roma, pelo Papa Nicolau V (1447-1455). Pertence ao século IV d.C. Contém o Velho Testamento em Grego com omissões, e o Novo Testamento até Hebreus (Heb 9,14),contém as Epístolas Católicas mas faltam as Pastorais (I e II Timóteo e Tito), Filemon e o Apocalipse. Uma edição foi publicada em 1857 pelo cardeal Mai, por ordem do Papa Pio IX (1846-1878).



  • (C) Ephraemi (C04 Efrém rescrito) – É um palimpsesto (codex rescriptus), resultante de terem sido diversas obras de Ephraem da Síria copiadas sobre o texto original no século XII d.C. Felizmente a tinta do último copista era de menor duração e qualidade que a do primeiro, foi escrito no século V d.C. muito provavelmente no Egito. Contém fragmentos do Velho Testamento e todos os livros do Novo Testamento com grandes omissões, à exceção da II Tessalonicences e da II João. Está na Biblioteca Nacional de Paris.



  • (D) Bezae (D05 Beza) – É um manuscrito em grego e latim, em colunas paralelas, foi descoberto no mosteiro de S. Irineu em Lyão, e oferecido à universidade de Cambridge, em 1581 por Teodoro Beza. Foi escrito no princípio do século VI d.C. Contém com algumas omissões os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos. É notável pelos seus desvios do texto comum e pelas edições.



  • (D2) Cloromontanus (D06 Claromantano) – Foi descoberto em Clermont, próximo de Beauvais, donde lhe deriva seu nome. Foi escrito no século VI d.C. Está escrito em grego e latim como o códice Bezae, sendo um suplemento deste, pois contém as Cartas de S. Paulo com omissões, e a Carta aos Hebreus, sendo estes os únicos livros do Novo Testamento que se encontram. Pode-se perceber no manuscrito, o trabalho de vários copistas posteriores. Está na Biblioteca Nacional de Paris.





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29 Todos estes manuscritos, são fruto de copistas Católicos.



Esses seis códices descritos acima formam a lista dos unciais de primeira classe. Citaremos alguns que apesar de parciais e incompletos são de grande valor e oferecem sugestivas leituras e um bom estudo:



  • Codex Basiliensis (E) – Pertence ao século VII/VIII d.C. trazido provavelmente de Constantinopla para Basiléia pelo Cardeal J.B. Ragúsio em 1431. Contém os Evangelhos quase completos.
Codex Regius (L) - Pertence ao século VIII d.C., está na Biblioteca Nacional de Paris. Contém os Evangelhos com omissões, é valioso por se ver nele, a dupla conclusão do Evangelho de Marcos.
  • Codex Zacynthius – É um palimpsesto de Zanete, oferecido pelo general Macaulay à Sociedade Bíblica de Londres em 1821, onde se encontra guardado em sua biblioteca. Contém a maior parte do Evangelho de Lucas, com comentários.
  • Codex Augiensis - Pertence ao século IX d.C, existente no Trinity College, Cambridge (F), vindo do mosteiro de Augia Dives (Reichenau) no Lago de Constança. Contém a maior parte das Epístolas Paulinas, com a versão Latina.
  • Manuscrito da Biblioteca Bodleiana de Oxford (T ) - Digno de citação, por ser um manuscritos muito antigo com data explicita ( 844 d.C.).
  • Manuscrito Roma (S) – Existente na Biblioteca do Vaticano, também digno de citação, por ser um manuscritos muito antigo com data explicita ( 949 d.C.).



OS MANUSCRITOS CURSIVOS



Com o aumento da procura por manuscritos dos textos do Novo Testamento ao longo dos séculos, era necessário o emprego de uma forma de escrita com letra menor e mais fácil. Dessa forma foi introduzida a “letra corrente” ou cursiva que já era empregada nas correspondências sociais e comerciais. Durante quase dois séculos. Usou-se o uncial e o cursivo, mas pouco a pouco foi prevalecendo o cursivo. Foi com essa letra que nos chegaram a maioria dos manuscritos do Novo Testamento, que começaram a ser escritos de forma cursiva do século IX d.C. até a invenção da Imprensa no século XV d.C. Eram empregados, o papel e o pergaminho que variavam muito na duração e forma.



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OS PAPIROS

São antiqüíssimos testemunhos do texto original do Novo Testamento, com alguns remontando ao ano 200 d.C. Segundo o teólogo Felipe Aquino alguns eles estão distribuídos daseguinte forma:

30 CONTEÚDO LOCAL DATA(Século)

P1 Evangelhos Filadélfia III

P2 Evangelhos Florença VI

P3 Evangelhos Viena VI-VII

P4 Evangelhos Paris III

P5 Evangelhos Londres III

P6 Evangelhos Estrasburgo IV

P7 Atos dos Apóstolos Berlim IV

FONTE: Escola da Fé II – A Sagrada Escritura. Lorena - SP. 2000, p.38



OS LECIONÁRIOS



Os Lecionários são coleções dos Evangelhos e Epístolas, para a leitura nas celebrações da Igreja Católica, desde os primórdios do cristianismo. São escritos com especial cuidado, com caracteres grandes e claros. Não existe testemunho mais valioso dos textos Sagrados para a mesma época em que foram escritos nos Lecionários. Dos chamados Evangelistaria, que são lições dos Evangelhos, existem mais de mil exemplares. Dos Praxapostoli que são lições dos Atos dos Apóstolos e Epístolas, conhecem-se aproximadamente três mil exemplares. Todos estes Lecionários são de grande importância para o estudo do texto original das Sagradas Escrituras.

30 Sigla do Papiro (Exemplo: Papiro 1).

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