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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Estudo sobre a formação da Bíblia.

Amigos,

Veremos abaixo um bom estudo sobre a formação da Bíblia. Com esse estudo podemos tirar todas as dúvidas a respeito dos livros e das versões Bíblicas.
Este estudo foi desenvolvido por Leandro Martins de Jesus, Dicente de Pedagogia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Estudante de História da
Igreja pela Escola Mater Ecclesiae e de Teologia para Leigos pelo Vicariato S. João da Diocese de Vitória da Conquista – Ba. É paroquiano da Igreja Nossa Senhora das Graças em Itapetinga-Ba.

Neste blog ele será dividido em 6 postagens. Bons estudos.

A FORMAÇÃO DA BÍBLIA AO LONGO DOS SÉCULOS E A IMPORTANTE
PARTICIPAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA NESTE PROCESSO.
1º Parte
Por: Leandro Martins de Jesus1

INTRODUÇÃO

A História da Bíblia Sagrada é muito longa, pois abarca um período que compreende
nada menos que 15 séculos, iniciando-se no tempo anterior a Moisés, por volta do ano 1200 a.C.
(antes de Cristo), chegando até o final do primeiro século após o nascimento de Jesus Cristo
(século I d.C. – depois de Cristo.). Observa-se que é um grande lapso de tempo e muitos foram
os acontecimentos que sucederam - se para a formação da Palavra de Deus que temos hoje em
mãos.
A palavra Bíblia, vem do latim vulgar Bíblia, que por sua vez vem do grego βιβλια que
não é singular mas plural de “livro” (em grego: livros). Uma vez que o plural grego de Bíblia foi
adotado em latim, sua forma gramatical tanto pode ser um plural neutro, como um singular
feminino.
A Bíblia é em síntese um conjunto de livros canônicos que concentram em si uma certa
unidade, descrevendo a Revelação Divina. Ela também é denominada como: As Sagradas
Escrituras.
A Bíblia divide-se em duas partes principais: O Velho Testamento e o Novo
Testamento. Este termo Testamento refere-se ao contexto principal dos diversos livros da
Escritura. O Antigo Testamento liga-se à idéia do pacto entre Deus e o homem, iniciado com
Noé, repetido com Abraão, renovado em Israel, com a libertação do Egito e o simbolismo da
Arca da Aliança. Já o Novo Testamento surge da predição do profeta Jeremias (c.f. Jer 31,31-34)
que o autor da carta aos Hebreus declara realizar-se em Jesus Cristo (c.f. Heb 8,6-13;10,15-17). O
termo “Novo Testamento” foi dito por Cristo na última ceia (c.f. Luc 22,20), e reivindicado por
São Paulo como parte do seu ministério (cf. I Cor 11,25; II Cor 3,6).
Com o passar do tempo o termo Antigo Testamento ficou designando as Escrituras
Judaicas (cf. II Cor 3,14), e o Novo Testamento, os novos escritos (primeiros escritos
apostólicos) que começavam a surgir. O termo hebraico berith que significa aliança, foi traduzido
no Velho Testamento grego,por uma palavra grega (διαθη×κη) que possui uma dupla
significação (1º - disposição, vontade ou testamento; 2º - aliança ou pacto.). O texto da Vulgata
Latina traz escrito Novum Testamentum, de onde vem a tradução atual de Novo Testamento,
conservando-se apenas um dos sentidos da tradução grega da palavra hebraica.

“Como os Evangelhos e os outros escritos apostólicos foram sendo pouco a pouco considerados
como escritura, foi mister distingui-los pelo nome de “O Novo Testamento”, expressão que
começou a empregar-se no princípio do terceiro século, quando Orígenes2 fala das “Divinas
Escrituras”, que são o Velho e Novo Testamento”. (História, Doutrina e Interpretação da
Bíblia.3São Paulo.1951, p.3)

1
Discente de Pedagogia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Estudante de História da
Igreja pela Escola Mater Ecclesiae e de Teologia para Leigos pelo Vicariato S. João da Diocese de Vitória da
Conquista – Ba. É paroquiano da Igreja Nossa Senhora das Graças em Itapetinga-Ba.
2
Foi um dos Pais Apostólicos da Igreja Católica. Mestre de famosa Escola de Teologia em Alexandria (Egito) no
séc. III. Nasceu em 184 e morreu em 254 d.C. em Cesaréia na Palestina, durante a perseguição do imperador
romano Décio.
3
Livro de autor Protestante, Doutor em teologia


1


COMO E QUEM DEFINIU QUAIS SERIAM OS LIVROS DA BÍBLIA

“Quanto ao Antigo Testamento, temos três idiomas originais. A maior parte foi escrita e
chegou até nós em língua hebraica. Alguns capítulos dos livros de Esdras e Daniel, e um
versículo de Jeremias estão em aramaico, que foi o idioma falado na Palestina depois do exílio
babilônico (séc. VI a.C.). Dois livros, o segundo dos Macabeus e a Sabedoria, foram escritos
originalmente em grego. Dos livros de Judite, Tobias, Baruc e Eclesiástico, e parte também de
Daniel e Ester, perdeu-se como no caso do Evangelho de Mateus, o texto original hebraico ou
aramaico, sendo substituído pela versão grega. Essas diferenças lingüísticas não deixavam de
exercer a sua influência sobre a extensão do cânon dos livros sagrados. Enquanto os Judeus
disseminados no mundo greco – romano não tinham dificuldade em introduzir os livros
redigidos em grego, os judeus da palestina não queriam conformar-se com isso.”(Bíblia
Sagrada.São Paulo.1982, p.8)



O Antigo Testamento nos foi legado pelos Hebreus, tínhamos no início do Cristianismo,
duas versões, uma Palestina (Cânon restrito) composta por 39 livros que foram escritos na Terra
Santa, em hebraico, divididos em: A lei (Torá), Os profetas e os Escritos (Hagiógrafa) e uma
Alexandrina (Cânon completo), composta de 46 livros, que é uma tradução grega, da versão
Palestina, feita na cidade de Alexandria entre 250 a.C e 100 a.C, através de setenta sábios judeus
(ou setenta e dois, segundo tradições), fato este que originou o termo versão dos Setenta (LXX)
ou Alexandrina. Os sete livros que só figuram na versão dos Setenta ou Alexandrina são: Tobias,
Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico ou Sirácida, I e II Macabeus, além dos fragmentos de Ester 10,4-16,
24, Daniel 3,24-20; e os capítulos 13 e 14.
No ano 100 d.C. (séc. I d.C.), época em que se difundia o Novo Testamento com os
Evangelhos e as cartas dos Apóstolos que surgiam, (que os judeus não acreditavam nem
aceitavam) os Doutores da Sinagoga (rabinos judeus) realizaram um Sínodo (Conselho de Jâmnia)
na cidade de Jâmnia (ou Jabnes), perto de Jafa, na Palestina, para definir quais seriam os livros da
Bíblia (somente o Antigo Testamento em que eles acreditavam) e definiram como critério para
isso os seguintes itens como assevera o teólogo Felipe Aquino:

1. Deveria ter sido escrito na Terra Santa;
2. Escrito somente em hebraico, nem aramaico nem grego;
3. Escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);
4. Sem Contradição com a Torá ou Lei de Moisés.
“Esses critérios eram racionalistas mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da
Babilônia. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia Judaica da Palestina os livros que
não constam na Bíblia protestante”. (Escola da Fé II – A Sagrada Escritura. Lorena -
SP. 2000, p.32)
“(...) foi - se formando (...) a opinião de que depois de Esdras (séc. IV a.C.) faltando ou
sendo incerto o dom profético (cf. I Mac 4,46;14,41) nem sequer admitiam pudessem ser
escritos livros inspirados por Deus. Por isso quando nos fins do séc. I d.C. os Doutores da
Sinagoga fixaram o cânon das sagradas escrituras, foram excluídos até os livros escritos em
hebraico depois daquela época, como o Eclesiástico. Daí resultou o cânon hebraico em que
faltam sete livros”. (Bíblia Sagrada. São Paulo.1982, p.8)


2


A definição do Cânon Bíblico para os cristãos partiu da autoridade apostólica da Igreja
Católica4, tanto para os livros do Velho Testamento, quanto para os livros do Novo Testamento,
como pode ser evidenciado histórica e teologicamente. No que diz respeito ao Antigo
Testamento, os Judeus nos legaram as duas versões acima descritas (Palestina e Alexandrina ou
dos LXX), e a Igreja após dirimir suas dúvidas através da análise teológica dos livros, juntamente
com o discernimento do Espírito Santo optou pelo Cânon completo da versão dos LXX
(Alexandrina).

“A palavra cânon é grega e significa literalmente uma regra ou medida, ou varinha direita.
No seu principal sentido metafórico de regra de fé aparece a palavra cânon no Novo
Testamento:“a todos quanto andarem nesta regra, paz e misericórdia sobre eles” (cf. Gal
6,16). Parece ter sido neste sentido na verdade muito apropriado que no quarto século a
palavra cânon principiou a ser aplicada às Escrituras, que continham a regra autorizada
pela qual deve ser moldada a vida do homem. Mas foi a Igreja5, que guiada por Deus formou
o Cânon, determinando depois de largos debates, que livros deveriam ter sido recebidos como
sagrados e quais deveriam ser rejeitados. A Igreja, pois é que primeiramente canonizou os
livros santos, que ficaram sendo canônicos, isto é, conforme o cânon à regra.”
(História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. São Paulo.1951, p.6)

Os protestantes após a “reforma luterana” começaram a rejeitar os sete livros acima
citados, da versão dos LXX e em meados dos séculos XIX os retiraram de suas Bíblias, como
afirma o teólogo Felipe Aquino:

“Lutero, ao traduzir a Bíblia para o alemão, traduziu também os sete livros
(deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Bíblicas protestantes, até o século
XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia” (Escola da Fé II – A Sagrada Escritura.
Lorena - SP. 2000, p.34)
“Os protestantes só admitem como livros sagrados os 39 livros do cânon hebreu (de Jâmnia).
O primeiro que negou a canonicidade dos sete deuterocanônicos foi Carlostadio (1520),
seguido de Lutero (1534) e depois Calcino (1540)”. (Como a Bíblia foi escrita. A.C.I.
Digital. 2004)


Historicamente se comprova que os primeiros cristãos utilizavam o Antigo Testamento
da versão dos LXX (Alexandrina), portanto com os sete livros rejeitados pelos judeus e
protestantes.


4
As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito nas Sagradas Escrituras e nesta se nos
oferecem, foram consignadas sob influxo do Espírito Santo. Pois a Santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica
tem como sagrados e canônicos os livros completos tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as
suas partes, por que, escritos sob a inspiração do Espírito Santo (cf. Jo 20,31; II Tim 3,16; II Ped 1,19-21;
3,15-16), eles tem em Deus o seu autor e nesta sua qualidade foram confiados a Igreja. (Dei Verbum 11).
5
Trata-se da Igreja Católica Apostólica Romana. A primeira vez na História que aparece o termo “Igreja
Católica” foi em uma carta de Inácio de Antioquia (†110), à comunidade de Esmirna (atual Izmir, Turquia)
que dizia: "Onde está o Cristo Jesus está a Igreja Católica" (Carta aos Esmirnenses 8,2). Inácio foi o
terceiro bispo da comunidade de Antioquia, fundada por São Pedro. Conheceu pessoalmente São Paulo e
São João (evangelista). Foi preso e conduzido a Roma por ordem do imperador Trajano, sendo martirizado
no Coliseu, nos dentes dos leões. A caminho de Roma escreveu cartas às comunidades de Éfeso, Magnésia,
Filadélfia, Esmirna, Trales e ao bispo de Esmirna, São Policarpo. Na Enciclopédia Compacta de
Conhecimentos Gerais (da revista "Isto é"), página 259, tópico Igreja Católica, vemos a seguinte
afirmação: "Roma foi a única Igreja ocidental fundada por um apóstolo (São Pedro). Da Irlanda aos
Cárpatos, os cristão passaram a reconhecer o bispo de Roma como o Papa (do latim vulgar papa, "pai") e
usavam o latim nos serviços religiosos nas leituras das escrituras e na teologia (...)."


3


“Tem – se dito que a Bíblia dos Apóstolos, aquela que habitualmente citam é a
septuagentina6, e que esta versão contém os livros apócrifos. Que eles usavam a versão dos
setenta não sofre dúvida”. (História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. São Paulo.1951,
p.15)
“Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina),
considerando canônicos os livros rejeitados em Jâmnia (ou Jabnes). Ao escreverem o Novo
Testamento usaram o Antigo Testamento, na forma da tradução grega de Alexandria, mesmo
quando esta era diferente do texto hebraico. O texto grego,“dos Setenta” tornou-se comum
entre os cristãos; e portanto o cânon completo, incluindo os sete livros e os fragmentos de Ester
e Daniel, passou para o uso dos cristãos”.(Escola da Fé II – A Sagrada Escritura. Lorena -
SP. 2000, p.32)

Quanto às dúvidas surgidas no seio da Igreja durante o processo de definição do Cânon

das sagradas escrituras, nota-se o debate teológico dos grandes Pais Apostólicos da Igreja e a
colaboração do Espírito Santo para a chegada em um consenso.


“Alguns Padres da Igreja denotam certas dúvidas nos seus escritos, por exemplo, Atanásio7
(373), Cirilo de Jerusalém8 (386), Gregório Nazianzeno9 (389), enquanto outros
mantiveram como inspirados também os deutero-canônicos, por exemplo, Basílio10 ( 379),
Santo Agostinho11 (430), Leão Magno12 (461). A partir do ano 393 diferentes concílios,
primeiro regionais e logo ecumênicos, foram fazendo precisões à lista dos Livros "canônicos"
para a Igreja”. (Como a Bíblia foi escrita. A.C.I. Digital. 2004).
“Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja
(Patrística) os livros rejeitados pelos protestantes (deuterocanônicos) são citados como Sagrada
Escritura. Assim, São Clemente de Roma13, o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu
a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico;
livros rejeitados pelos protestantes.Da mesma forma, o conhecido Pastor de Hermas14, no ano
140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do II Macabeus; Santo Hipólito15 (†234), comenta o
Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como

6
Forma como também é conhecida a versão dos LXX (setenta).
7
S. Atanásio (295-373 d.C.), é considerado doutor da Igreja, nasceu em Alexandria, tornou-se diácono e junto
com o Bispo Alexandre destacou-se no Concílio de Nicéia (325 d.C.) combatendo o arianismo que negava a
divindade de Cristo.
8
É considerado doutor da Igreja, foi Bispo de Jerusalém, guardião da fé professada no concílio de Nicéia (325
d.C.), é autor da obra Catequeses Mistagógicas, esteve no concílio Ecumênico Constantinopla I (381 d.C.).Morreu
em 386 d.C.
9
É considerado Doutor da Igreja, nasceu em 329 d.C. em Naziano na Capadócia e morreu em 389 d.C. Lutou
contra o arianismo, sua doutrina sobre a Santíssima Trindade lhe rendeu o título de teólogo, confirmado no
Concílio de Calcedônia em 481 d.C.
10
É considerado Doutor da Igreja, nasceu em 330 d.C. e morreu em 369 d.C., foi Bispo.
11
Foi Bispo e Doutor da Igreja, nasceu em Tagaste na Tunísia, viveu de 354 d.C. a 430 d.C. , se converteu em
Milão, ouvindo as pregações do Bispo S. Ambrósio.Tornou-se Bispo de Hipona aos 42 anos de idade, combateu
o maniqueísmo, o donatismo e o pelagianismo, heresias do seu tempo.
12
Foi Papa (440 – 461 d.C) e Doutor da Igreja, viveu de 400 d.C. a 461 d.C. Deixou 96 sermões e 173 cartas,
participou do Concílio da Calcedônia combatendo o monofisismo.
13
Foi o terceiro sucessor de São Pedro, quarto Papa da Igreja (88 – 97 d.C.), nos tempos dos imperadores
romanos Domiciano e Trajano (92 – 102 d.C.). Segundo S. Irineu “ele viu os apóstolos e com eles conversou,
tendo ouvido diretamente a sua pregação e ensinamento” (Contra as heresias). (cf. Fil 4,3).
14
Era irmão do Papa São Pio I (140 – 155 d.C.). Escreveu a obra Pastor, de visão apocalíptica, morreu em 160
d.C.
15
S. Hipólito de Roma (160 – 234 d.C.), foi discípulo de S. Irineu (140 – 202 d.C.), foi célebre na Igreja de
Roma, sendo sua pregação ouvida por Orígenes (184 – 254 d.C.). Escreveu contra os hereges, compôs textos
litúrgicos e a obra Tradição Apostólica, em que relata os costumes da Igreja no século III.

4

Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, I e II Macabeus. Fica assim, muito claro, que
a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os livros
deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo. Vários Concílios confirmaram isto, os
Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos
(692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e
Vaticano I (1870)”. (Escola da Fé II – A Sagrada Escritura. Lorena - SP. 2000, p.33)


Os livros rejeitados pelos protestantes são por eles chamados de apócrifos, os católicos
não adotam este termo para tratar os referidos sete livros, considerando-os deuterocanônicos, ou
seja, aqueles livros que do século II d.C. ao século IV d.C. a Igreja não tinha ainda ratificado a sua
canonicidade e eram motivo de estudo e discernimento do Sagrado Magistério da Igreja16.

“Chegou-se a fazer distinção entre “livros reconhecidos” (homologúmenos), admitidos por todos
(os do cânon hebraico) e “livros controversos” (antilogúmenos), não admitidos por todos (...) os
primeiros se chamam protocanônicos e os segundos deuterocanônicos, ou seja, canônicos de
primeira e segunda época. Compreende-se que os hebreus rejeitem, em sua totalidade o Novo
Testamento, alem dos deuterocanônicos do Antigo. Os protestantes ocupam uma posição de
meio termo. No novo testamento depois das primeiras incertezas de seus fundadores admitiram
integralmente e sem distinção o Cânon Católico. No Antigo Testamento, ao invés, seguindo o
cânon mais restrito dos hebreus, rejeitam como fora da série dos livros sagrados, sob o nome de
“apócrifos”, os que nós chamamos deuterocanônicos.” (Bíblia Sagrada. São Paulo. 1982,
p.8)

Para se chegar ao Novo Testamento que temos, a Igreja Católica teve de rejeitar
diversos livros que não eram inspirados por Deus, e através de sua autoridade apostólica17 definir o
Cânon das Escrituras.Os livros abaixo citados são os que os católicos consideram apócrifos, ou
seja, livros não revelados pelo Espírito Santo e que muitas vezes continham heresias, a Igreja os
considera importante para o estudo, visto que alguns deles podem conter verdades
históricas.Através da quantidade de livros observa-se como a Igreja teve de ser criteriosa,
inspirada e dirigida pelo Espírito Santo, para retirar o joio do meio do trigo. Sem a autoridade da
Igreja não teríamos como saber quais seriam os livros divinamente inspirados por Deus para a
composição da Revelação Escrita – As Sagradas Escrituras.


16 Advém da Sucessão Apostólica. É formado pelo Papa (sucessor de Pedro) e Bispos (sucessor dos Apóstolos),
com a missão de conservar o “depósito da fé” (I Tim.1,10; Luc.10,26;), ensinando a verdade extraída da
Sagrada Escritura e da Sagrada Tradição Apostólica.
17
Em sua extrema benignidade, Deus tomou providencias a fim de que aquilo que Ele revelara para a salvação
de todos os povos se conservasse inalterado para sempre e fosse transmitido a todas as gerações (...). Mas
para que o Evangelho sempre se conservasse vivo e inalterado na Igreja, os Apóstolos deixaram como
sucessores os Bispos, a eles “transmitindo o seu próprio encargo do Magistério” (S. Irineu in: Adv. Haer., III,
3,1). Portanto, esta Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura de ambos os testamentos são como o espelho em
que a Igreja peregrina na terra contempla a Deus de Quem tudo recebe, até que chegue a vê-lo face a face
como é ( cf. I Jo 3,2).(Dei Verbum, 7). O ensinamento dos Santos Padres testemunha a presença vivificante
dessa tradição, cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igreja que crê e ora. Pela mesma Tradição
torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados (...). E assim o Deus, que outrora falou,
mantém um permanente diálogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do
evangelho ressoa na Igreja e através da Igreja no mundo, leva os fieis à verdade toda e faz habitar neles
abundantemente a palavra de Cristo (cf. Col 3,16). (Dei Verbum, 8).


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