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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Estudo sobre a formação da Bíblia - Parte 3


O texto da Vulgata foi composto em parte da antiga versão latina (Cinco
deuterocanônicos do Antigo Testamento: I e II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc, com a
carta de Jeremias), em parte na edição revista por S. Jerônimo (os Salmos, o Antigo e Novo
Testamentos) e è também uma nova tradução feita diretamente do hebraico (todo o Antigo
Testamento hebraico, exceto os Salmos, Tobias e Judite). S. Jerônimo estava familiarizado com
os exegetas hebraicos incorporando muitas das suas interpretações na vulgata, mas geralmente
seguia-se a versão dos LXX, mesmo quanto o texto diferia do hebraico. Com o passar do tempo,
o texto da Vulgata perdeu um pouco de sua pureza, devido às cópias e introduções de antigas
versões, porém nobres doutores revisaram o texto reconduzindo-o à primitiva integridade.
Citamos a revisão efetuada pelo sábio Alcuíno (735 – 808 d.C.), ordenada por Carlos Magno e a
de Lanfranc. Com o passar do tempo começaram a surgir novamente, textos de valor discutíveis,
principalmente após a “reforma protestante”. Assim sendo, a Sessão IV de 08 de abril de 1546,
do Concílio Ecumênico de Trento, após definir o Cânon das Sagradas Escrituras, decretou que a
Vulgata seria versão autêntica, e que fosse impressa com a máxima correção. Os Papas desde Pio
IV (1559 a 1565) até Clemente III (1592 a 1605) nomearam consecutivamente quatro comissões
para este fim, culminando na edição publicada em 1590 por Sixto V, (Papa de 1585 a 1590),
posteriormente substituída pela edição publicada em 1592 por Clemente VIII, (Papa de 1592 a
1605), edição conhecida como sixto –Clementina. Depois houve mais duas edições vaticanas em
1593 e 1598, as quais são a base de todas as versões posteriores até os dias atuais. O mais
importante e célebre manuscrito da vulgata é o Codex Amiatinus, do final do sétimo século, que
está em Florença, Itália, na biblioteca Laurentiana.

• Siríaca ou Versão Aramaica Ocidental:

1. A versão Peshita – Peshita significa “correta ou simples”, esta versão foi
feita diretamente do hebraico e concorda com rigor ao texto
massorético. Não se pode afirmar em que tempo e onde foi feita esta
tradução, presume-se que os cristãos da Síria, obtiveram a Escritura
em sua própria língua. Pelo exame da tradução acredita-se que os
tradutores eram judeus – cristãos que traduziram o Velho Testamento
do original hebraico. Esta versão continha todos os livros canônicos
do Velho e Novo Testamentos, exceto II carta de S. Pedro, II e III
carta de S. João, a carta de S. Judas e o Apocalipse de S. João. O texto
difere de das principais classes de manuscritos.

Diversas versões antigas:

1. A História Eclesiástica, de Eusébio de Cesaréia, coloca a versão da Etiópia
no ano de 330 d.C. O texto baseia-se totalmente na versão dos LXX e segue as
variantes do códice Alexandrino.

2. A maior parte o Velho Testamento, existe nos dialetos cópticos de Egito. A
época mais provável em que essas versões foram feitas são os séculos III ou IV
d.C. com algumas suposições que possam ser dos séculos I ou II d.C. São


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baseados na versão dos LXX, seguindo as variantes do códice Alexandrino, os
tradutores são desconhecidos.

3. A versão Gótica da Bíblia, foi feita por Ulfilas, bispo dos Ostrogodos, que
esteve no Concílio de Constantinopla I (maio a junho de 381 d.C.). É uma
tradução da versão dos LXX, de considerável valor crítico, embora se restem
alguns fragmentos desta versão.

4. A versão Armênia foi feita em meados do século V d.C., baseada na
versão Siríaca, mais tarde foi revista segundo a versão dos LXX, sendo traduzida
pelo patriarca Mesrob.

5. A versão Gregoriana foi feita no século VI d.C., através de cópias da
versão Armênia.

6. A versão Eslava ou Eslavônica foi feita em meados do século IX d.C.,
pelos irmãos católicos, Cirilo e Metódio de Tessalônica, missionários da Bulgária e
Moravia, que traduziram as Escrituras para a língua eslava (ou eslavônica).
Considera-se como proveniente da versão dos LXX embora alguns testemunhos
antigos indiquem que a tradução foi feita do latim.

7. As versões Árabes dos diversos livros das Escrituras, foram traduzidas
da versão dos LXX entre os séculos VIII e XII d.C, segundo diversos escritores,
porém os livros de Jó, Crônicas, Juízes, Rute, Samuel, e algumas partes de outros
livros, foram traduzidas da versão Siríaca Peshita.

A DEFINIÇÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO

“O Espírito Santo, dado a Igreja, despertou santos instintos, auxiliou o discernimento entre o
puro e o espúrio, e assim foi possível chegar a uma gradual harmônica e por fim unânime
conclusão. Havia na Igreja o que um teólogo designou com felicidade pela expressão
“inspiração da seleção””. (História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. São Paulo.1951,
p.29)


A formação do Cânon do Novo Testamento deu-se de forma gradual, de modo que
depois do ano 400 d.C. não existiam mais dúvidas a este respeito, graças a intervenção da Igreja
Católica, que como já citamos anteriormente, foi quem através do Espírito Santo e agindo de
acordo com sua autoridade apostólica definiu quais eram os livros canônicos.

A princípio os livros foram surgindo separadamente, em diferentes localidades, e eram
guardados cuidadosamente pelas diversas comunidades apostólicas (paróquias) e lidos nas
reuniões cristãs. Depois começaram a ser classificados em grupos: os Evangelhos, as Cartas
(Epístolas) de São Paulo, os Atos dos Apóstolos e as Cartas Católicas (Epístolas Gerais) a estes grupos, foi
acrescentado o Apocalipse, estando por volta do final do século II d.C. praticamente completa a
coleção. Porém a autenticidade de alguns livros ainda ficou em aberto por certo tempo.
Existiam na Igreja Primitiva (vide nota nº 5 e nº 20), muitos escritos que diziam tratar
da vida de Jesus. Segundo nos relata S. Lucas (cf. Luc 1,1-2) muitos escritores buscavam
reproduzir o primitivo Evangelho oral, visto que os primeiros Evangelhos só foram escritos de 20 a 30
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anos após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, estes se conservaram oralmente até serem
escritos graças a assistência do Espírito Santo, atuando na Sagrada Tradição Apostólica da Igreja,
que se desenvolvia cada vez mais, expandindo-se e convertendo os povos ao Cristianismo.
Não demorou para que os quatro Evangelhos, fossem constituídos pela Tradição
Apostólica, sendo universalmente reconhecidos e pela Igreja. Os Evangelhos de S. Marcos e S.
Lucas foram escritos respectivamente sob a influência de S. Pedro e S. Paulo.

“Os Evangelhos de Marcos e de Lucas foram escritos por companheiros dos apóstolos:
Marcos, o convertido de Pedro (cf. I Ped 5,13), e Lucas o amigo íntimo de Paulo (cf. At
20,5-6, etc). Papias (130), Justino (falecido em 164), Irineu (180), e Orígenes, todos falam
do Evangelho de Marcos, como geralmente aceito, dizendo que tinha sido ditado e sancionado
por Pedro. Irineu, Tertuliano e Orígenes discorrem sobre o Evangelho de Lucas como sendo
universalmente recebidos e sancionados por Paulo”. (História, Doutrina e Interpretação da
Bíblia. São Paulo.1951, p.72)


Os Pais da Igreja Católica (S. Clemente de Roma, S. Policarpo de Esmirna, S. Inácio de
Antioquia, Hermas) citam os Evangelhos de tal maneira que indicam ser a autoridade dos
Evangelhos inteiramente reconhecida pela Igreja. Taciano (172 d.C.), discípulo de Justino
Mártir25, fez a combinação dos Evangelhos numa Harmonia chamada de Diatessaron, uma outra
Harmonia foi feita por Amônio de Alexandria, professor de Orígenes. S. Irineu que quando
jovem, conheceu S. Policarpo que foi discípulo do apóstolo S. João (evangelista), reconheceu a
santa quaternidade dos escritos, testificando a aceitação desses livros como inspirados por Deus.
S. Tertuliano da África, Atanásio de Alexandria, e Cirilo de Jerusalém confirmam ser os quatro
Evangelhos as verdadeiras narrativas evangélicas.
Aos Evangelhos foi acrescentado o Livro dos Atos dos Apóstolos por consenso geral,
como o segundo livro escrito por de Lucas.

“As fontes dos primeiros séculos confirmam a autenticidade do Novo Testamento. Vejamos
apenas uns poucos exemplos. Evangelho de Mateus - No ano 130 o Bispo Pápias, de
Hierápolis na Frígia, região da Ásia Menor, que foi uma das primeiras a ser evangelizada
pelos Apóstolos, fala do Evangelho de São Mateus dizendo: “Mateus, por sua parte, pôs em
ordem os dizeres na língua hebraica, e cada um depois os traduziu como pode” (Eusébio,
História da Igreja III, 39,16). Quem escreveu essas palavras foi o bispo Eusébio de Cesaréia
na Palestina, quando por volta do ano 300 escreveu a primeira história da Igreja. Ele dá o
testemunho histórico de Pápias. Note que Pápias nasceu no primeiro século, isto é, no tempo
dos próprios Apóstolos; S. João ainda era vivo. Portanto este testemunho é inequívoco.
Outro testemunho importante sobre o Evangelho de Mateus é dado por Santo Irineu (†200),
do segundo século. Ele foi discípulo do grande bispo S. Policarpo de Esmirna, que foi discípulo
de S. João evangelista. S. Irineu na sua obra contra os hereges gnósticos, fala do Evangelho de
Mateus, dizendo: “Mateus compôs o Evangelho para os hebreus na sua língua, enquanto
Pedro e Paulo em Roma pregavam o Evangelho e fundavam a Igreja.”(Adv. Haereses II,
1,1).
Evangelho de São Marcos - É também o Bispo de Hierápolis, Pápias (†130) que dá o
primeiro testemunho do Evangelho de Marcos, conforme escreve Eusébio: “Marcos, intérprete
de Pedro, escreveu com exatidão, mas sem ordem, tudo aquilo que recordava das palavras e
das ações do Senhor; não tinha ouvido nem seguido o Senhor, mas, mais tarde..., Pedro. Ora,
como Pedro ensinava, adaptando-se às várias necessidades dos ouvintes, sem se preocupar em
oferecer composição ordenada das sentenças do Senhor, Marcos não nos enganou escrevendo


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Nasceu em Naplusa, antiga Siquém em Israel, achou nos evangelhos “a única filosofia proveitosa”, era
filósofo e fundou uma escola em Roma. Dedicou a sua Apologia ao imperador Romano Antonino Pio em 150
d.C. defendendo os cristãos. Foi martirizado em Roma em 164 d.C. aproximadamente.



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conforme recordava; tinha somente esta preocupação, nada negligenciar do que tinha ouvido, e
nada dizer de falso” (Eusébio, História da Igreja, III, 39,15).
Evangelho de São Lucas - O Prólogo do Evangelho de S. Lucas, usado comumente no
século II, dava testemunho deste Evangelho, ao dizer: “Lucas foi sírio de Antioquia, de
profissão médica, discípulos dos apóstolos, mais tarde seguiu Paulo até a confissão (martírio)
deste, servindo irrepreensivelmente o Senhor. Nunca teve esposa nem filhos; com oitenta e
quatro anos morreu na Bitínia, cheio do Espírito Santo. Já tendo sido escritos os evangelhos de
Mateus, na Bitínia, e de Marcos, na Itália, impelido pelo Espírito Santo, redigiu este
Evangelho nas regiões da Acáia, dando a saber logo no início que os outros Evangelhos já
haviam sido escritos.”
Evangelho de São João – é Santo Ireneu (†202) que dá o seu testemunho:
“Enfim, João, o discípulo do Senhor, o mesmo que reclinou sobre o seu peito, publicou também
o Evangelho quando de sua estadia em Éfeso. Ora, todos esses homens legaram a seguinte
doutrina: ... Quem não lhes dá assentimento despreza os que tiveram parte com o Senhor,
despreza o próprio Senhor, despreza enfim o Pai; e assim se condena a si mesmo, pois resiste e
se opõe à sua salvação – e é o que fazem todos os hereges”. (Contra as heresias)” (Escola da
Fé II – A Sagrada Escritura. Lorena - SP. 2000, p.40-42)

As Cartas de S. Paulo gozam também, da mesma autoridade apostólica dos Evangelhos,
treze delas tem o seu nome, geralmente eram escritas através de alguém que a copiava para o
apóstolo, sendo uma testemunha legítima dos seus escritos, como no caso de Tércio, que redigiu
a carta aos Romanos (cf. Rom 16,22), nestes casos ele acrescentava a sua assinatura e saudação
(cf. I Cor 16,21; Col 4,18). Suas cartas eram enviadas por mensageiros particulares (cf. Rom 16,1;
Ef 6,21; Fil 2,25; Col 4,7-8). Sabemos pelos escritos dos Católicos S. Inácio, S. Policarpo, e S.
Clemente de Roma que as Cartas de S. Paulo eram consideradas como escrituras inspiradas e
lidas com a Lei, os Profetas e os Evangelhos. Uma prova mais remota aparece na II Carta de S.
Pedro (cf. II Ped 3,15-16) onde se da às Cartas de S. Paulo, o nome de Escrituras.
Uma carta de S. Clemente de Roma, do século I, dirigida a comunidade de Corinto,
identifica-se com o conteúdo da Carta aos Hebreus, que era admitida pelos antigos escritores da
escola Alexandrina entre os escritos inspirados do Novo Testamento, porém sobre o autor
pairava dúvidas, Eusébio de Cesaréia acreditava que a mesma tinha sido concebida por S. Paulo,
mas redigida por outro, ou escrita por S. Paulo em hebraico ou aramaico e traduzida por um
especialista em grego. Orígenes concluiu que “os pensamentos são do apóstolo (S. Paulo), mas que a
redigiu só Deus sabe”.
Quanto aos livros restantes referentes ao Novo Testamento, foram chamados de
antilegúmenos, ou seja, não admitidos por todos, sendo classificados também como
deuterocanônicos, visto que a sua canonicidade só foi atestada numa época posterior aos dos
outros livros do Novo Testamento acima citados. Estes livros foram sendo introduzidos no
Cânon pouco a pouco, de modo que no princípio do século IV, toda a Igreja Católica já os
reconhecia como inspirados por Deus.
Houve dúvidas se os escritos de Tiago26, Pedro27 João e Judas28 teriam sido escritos por
eles, visto que muitas composições falsas surgiam com os nomes dos apóstolos, como pode ser
observado pelo ensino apostólico (cf. II Tess 2,1-2; I Joa 4,1).

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Foi o primeiro Bispo de Jerusalém depois da dispersão dos Apóstolos, é o autor da Epístola Católica que leva o
seu nome. Foi morto no Templo por instigação do Sumo Sacerdote Anás II, sendo lançado de uma galeria e
espancado até a morte em 62 d.C.
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Sobre a I Pedro: O autor da epístola é sem dúvida, S. Pedro, o príncipes dos Apóstolos, que então se
encontrava em Roma e daí (cf. I Ped 5,13) escreveu aos longínquos fiéis da Ásia, embora não tenham sido
convertidos por ele (cf. II Ped 3,2), servindo-se de Silvano (cf. I Ped 5,12), como escrivão, e talvez como
redator da epístola, notável não só pela força do pensamento, como também por que exarada em excelente
grego. Desde que se formou o cânon escriturístico do Novo Testamento, a presente epístola foi incluída nele.
Sobre a II Pedro: Nos séculos II e III, a II Pedro era pouco conhecida, ao menos fora do Egito, e a sua
canonicidade, ou caráter sagrado, era posto em dúvida, quando não negada. Mas no século IV passou a ser


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“Ao lado do grande epistolário paulino, outras sete epístolas de apóstolos (uma de Tiago, duas
de Pedro, três de João e uma de Judas) constituem grupo à parte no cânon do Novo
testamento. Desde os primeiros séculos foram denominadas tanto em grupo como
individualmente, católicas, isto é, “universais”... Entre os latinos, foram também chamadas
epístolas “canônicas”, talvez como protesto da fé no seu caráter de livros sagrados, que a maior
parte delas foi reconhecido em era muito tardia. De fato, somente a primeira de Pedro e a
primeira de João foram, desde o princípio, consideradas sem contestações nas Igrejas, como
inspirados e, portanto, canônicas. Todas as outras, umas mais outras menos, encontraram
oposição em diversos tempos e lugares (Eusébio. Ecles., III, 25, 1-3). No Ocidente, o grupo
encontra-se já constituído em sua integridade e autoridade canônica, no princípio do século IV
(Concílio Plenário da África; Papa Inocêncio I, 405). Nas Igrejas orientais não antes dos
séculos VI e VII”. (Bíblia Sagrada. São Paulo. 1982, p.1318)


OS PRIMEIROS CATÁLOGOS DO NOVO TESTAMENTO

Do ano 200 d.C. ao ano 400 d.C. graças aos Católicos, publicaram-se aproximadamente
quinze ou dezesseis catálogos de livros do Novo Testamento, vejamos alguns:
  • O Fragmento Muratoriano ou Cânon de Muratori – É o mais antigo documento
sobre o Cânon do Novo Testamento, escrito por volta do ano 150 d.C. Uma
cópia do original, datada do século VIII, foi descoberta pelo padre Italiano
Ludovico Antônio Muratori em 1740 na Livraria Ambrosiana, em Milão. Fala
do Papa Pio I, (bispo de Roma de 143 a 155 d.C.) irmão de Hermas, como se
fosse contemporâneo. O fragmento traduzido do grego principia por Lucas
como “terceiro Evangelho”, subentendendo os outros dois e cita todos os
livros do Novo Testamento, com exceção das cartas: Hebreus, Tiago, I e II
Pedro e II e III de João. Pelo manuscrito pode-se distinguir os livros que eram
lidos publicamente na Igreja, os que algumas pessoas queriam que fossem lidos,
os desprezados e os que eram lidos particularmente. (cf. Anexo I ).

  • S. Clemente de Alexandria († 215 d.C.) – (segundo Eusébio de Cesaréia) No
princípio do século III, faz a distinção entre “o Ecvangelho” e “o Apóstolo”,
reconhece quatorze Cartas de S. Paulo, inclusive “Hebreus”, omite as Cartas de
Tiago, II Pedro e III João.

bem mais conhecida no Ocidente e, simultaneamente, foram-se desvanecendo as dúvidas a respeito do seu
valor de livro sagrado. Entre o IV e V século ocupou um lugar definitivo no cânon das Igrejas da Europa e da
África, enquanto que na Síria continuou a ser ignorada por mais alguns séculos. O mesmo não se deu com o
reconhecimento da sua autenticidade...S. Pedro é verdadeiramente o seu autor. S.Jerônimo não registrava
senão os fatos quando afirmava, que no ano 392, que Pedro “escreveu duas epístolas denominadas católicas, a
segunda das quais muitos afirmam não ser de sua autoria, por que (foi) lavrada em estilo diferente da primeira
(De viris III.c.1). Partilhando da opinião de que ambas eram genuínas, ele (S.Jerônimo) explica as diversidades
de linguagem e de estilo pelo fato de S. Pedro ter ditado a dois tradutores ou redatores gregos diversos (Carta
120, a Edibia,c.9)
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Esta curta epístola encontrava-se já no século II, segundo o testemunho do cânon Mutratoriano, incluída no
cânon escriturístico da Igreja de Roma. Não faltou já então, e mais ainda depois, quem pusesse em duvida ou
negasse principalmente sua canonicidade como atesta S. Jerônimo (De Vir. Ill., IV), por causa da citação do
livro apócrifo de Henoque (cf. v.14-15). Prevaleceu, porém o uso antigo e a autoridade da Igreja, segundo
testemunho do mesmo S. Jerônimo, e bem cedo as oposições cessaram no Ocidente e mais tarde também no
Oriente.

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